quarta-feira, 11 de maio de 2011

Assembléia contra a remoção do espaço cultural do Afro-sul/Odomodê

Chamado para a assembléia contra a remoção do espaço cultural do Afro-sul/Odomodê em Porto Alegre. Já é depois de amanhã!


Em defesa da cultura e da vida
(manifesto recebido por e-mail)

No dia 03 de maio de 2011, o espaço Cultura do Odomodê reuniu Quilombolas, Negros/Negras e Populares e fez reflexão da conjuntura nacional e estadual para definir atividades em defesa das comunidades exploradas, oprimidas e excluídas, quase sempre trabalhadora, negra, jovem, feminina, pobre e/ou de livre orientação sexual.

A vítima da vez que está sendo anunciada pela prefeitura/gov. do estado e federal é a remoção do Bloco carnavalesco e cultural Odemodê de sua moradia em nome do embelezamento da cidade para a realização da Copa do Mundo de Futebol.


A proposta que se anuncia é das mais revoltantes. Procura jogar comunidade pobre, que seria transferida para aquele espaço, contra o Odemodê, que seria transferido para espaço dentro de zona residencial, o que levaria, em seguida ao choque entre os moradores e as atividades culturais/musicais do Bloco.

O método para realizar o ato é solerte.

A Coordenadora Cultural do Odomodê expôs que a prefeitura há mais de dois anos insinua querer mudar o Odomodê de local. Mas não trata o assunto de forma oficial. Toma medidas: analisar solo, diz para participantes de projeto social que o Odomodê desenvolve que sairão de lá, mas não oficializa nada. Trata o assunto como se a comunidade fosse invisível.

O Odemodê é espaço da cultura negra e popular há muitas décadas.

Está ali, na Ipiranga, 3850 agora e existe muito antes disto, sendo continuidade de outras formas importantes de organização da cultura no Rio Grande do Sul, sem ser resultado de valores inventados. Onde está, na Ipiranga, 3850, realiza serviço de atendimento de menores abandonados ao longo do braço do Arroio Dilúvio e necessitados no município. Muito antes deste trabalho se chamar terceiro setor e existir empresas e políticos usando a miséria para fazer populismo e assistencialismo.

Muitos artistas iniciaram seus passos ali e muitos, artistas ou não, frequentam aquela Casa de e para a alegria com segurança e amizade.

Agora a luta do Odomodê, como de outras comunidades da cultura e da moradia dos pobres, dos negros e negras de Porto Alegre, é para garantir o respeito à sua existência no local onde fincaram raízes, construíram relações sociais, emocionais e imateriais.

O argumento dos governantes para acabar com o espaço do Odemodê, e despejar outros, em Porto Alegre, entregando-os quase sempre as grandes empreiteiras, é modernizar a cidade para a Copa do Mundo.

Nada justifica que a população pobre mais uma vez seja a vítima da realização de um evento que irá enriquecer alguns e não resolverá os problemas fundamentais dos cidadãos que aqui moram. Porque a modernização não passa pelas reivindicações destas comunidades de serem urbanizadas onde moram, há muitos anos?

Não são sérias as propostas para resolver os problemas da saúde, da educação, do transporte, da segurança, da moradia, do equilíbrio ambiental e agora, da cultura do município e do estado. Nenhuma reivindicação popular - dos jovens, dos moradores, da cidadania - no respeito aos Quilombos, a Cultura Negra, a Sexualidade, a Segurança, a mobilidade com as ciclovias, ao equilíbrio ambiental -, é respeitada ou existem projetos sendo executados de forma séria.

O que temos assistido para a realização da Copa de Futebol é o agravamento das relações trabalhistas, com aumento dos casos constatados de semi-escravidão, exploração da mão de obra, devastação do meio ambiente e remoção de populações pobres de áreas desejadas pelas grandes empreiteiras. Tudo em nome de um desenvolvimento econômico que sustenta uma visão social “moderna” baseada na violência, desrespeito, individualismo, populismo, consumismo.

A cultura dos grupos sociais legítimos da formação social brasileira e sul-rio-grandense serve apenas se for mercadoria para o projeto de sociedade e cidade dos ricos para os ricos neoliberais.
Tiramos na reunião que vamos lutar. Assim:

  • Vamos participar da reunião dos Comitês Populares da Copa, no dia 26, às 19 horas, no Simpa, e apresentar uma pauta reunindo as reivindicações das comunidades que estão sendo atingidas por estas obras no Centro da Cidade e demais regiões do município que assim desejarem, e exigir que sejam respeitados seus direitos.
  • Fortalecer a mobilização social dos cidadãos e cidadãs por uma cidade que respeite os direitos dos explorados, oprimidos e excluídos.
  • Apresentar na reunião do dia 26, dos Comitês Populares da Copa, um programa mínimo que reúna as reivindicações dos principais atingidos pelas iniciativas da realização da Copa em Porto Alegre.
  • Não aceitar nenhuma remoção territorial.
  • Constituir laudo técnico de planejamento para o espaço do Odomodê.
  • Fortalecer a mobilização nacional contra a ADIN 3239, impetrada pelo DEM, visando derrubar o decreto 4887, para impedir o processo de regularização fundiária dos Territórios Quilombolas no STF;
  • Lutar contra o genocídio da juventude negra em uma guerra não declarada que matou mais de 520.000 pessoas, em 11 anos, durante os governos FHC e Lula (estatística só superada contemporaneamente em regiões conflagradas como a guerra civil Angolana e a Guerra no Iraque).
  • Realizar atividade no dia 13 de maio, dia de Combate ao Racismo, no espaço do Odomodê, às 19 horas.


Na luta de denuncia contra a violência que atinge a Comunidade Negra e Popular chamamos a todos a participar da Audiência Publica que será realizada no dia 12 de maio, às 19 horas, no Plenarinho da Assembléia Legislativa.

A violência policial contra a comunidade negra – especialmente a sua juventude – não se constitui em fatos isolados ou acidentais.

A violência cometida contra a Família Silva, em 2010.

A morte do jovem e promissor boxer Tayrone e a discriminação e violência cometida contra o estudante

Helder Santos, em 2011, exemplificam a realidade cultural mais profunda existente no país e no estado, que precisa ser mudada.

Vamos lá!
Vamos todos lá!

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