segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Relato do 1° Encontro de Formação do Zumbi (18/12/10)

Tarda mais não falha pessoal, vai aqui meu relato do nosso primeiro encontro de formação que ocorreu no final do ano passado.Compareceram 9 pessoas, entre professoras(es) do núcleo de Viamão, do núcleo de Porto Alegre e um educador popular da Restinga. Uma pena os demais professores não poderem comparecer, mas mesmo assim a discussão foi muito produtiva.

Na primeira parte da reunião, ao longo de cerca de 1h, foi feita uma apresentação com uma síntese das reflexões do educador brasileiro Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido. Colocamos abaixo uma visualização da apresentação de slides que foi utilizada, que apresenta alguns problemas pela impossibilidade de incorporar as animações no site. Para fazer download da versão utilizada da apresentação clique aqui. Uma versão estendida da mesma apresentação pode ser obtida aqui.


A segunda parte da reunião  funcionou como uma espécie de reunião de trabalho, em que o coletivo tentou se inspirar na discussão precedente para propor soluções para problemas vivenciados no Zumbi. Com essa dinâmica em dois momentos buscamos ser coerente com as discussões de Freire quanto à necessidade de se superar o ativismo ingênuo e o verbalismo inerte. Ao combinar os dois momentos procuramos garantir tanto um sentido prático em nossas reflexões teóricas quanto um embasamento teórico para nossas ações práticas. Aparentemente foi uma decisão acertada, já que conseguimos tirar vários encaminhamentos da reunião. Listo alguns a seguir, se faltou algum outro por favor avisem que eu acrescento:

Encaminhamentos do Encontro:

  • Pequenas adaptações nas aulas de cada disciplina, de forma a tornar a torná-las mais problematizadoras - Foi bastante discutida a dificuldade de realizarmos aulas efetivamente dialógicas como caracterizadas por Freire no livro, tendo em vista que o diálogo efetivo parece ser um processo que leva mais tempo que a educação bancária, e que é necessário trabalhar uma quantidade de conteúdos enorme para uma preparação adequada para o vestibular. Além disso no nosso caso o conteúdo programático já está definido a priori o que impossibilita um planejamento coletivo do conteúdo programático como proposto por Freire. Parecemos estar no que o Freire chama de situação de negação do diálogo. Porém concluiu-se que pequenos avanços podem sim ser feitos. Como exemplo foram citadas as possibilidades de repensar a sequência do currículo, de forma a partir de assuntos mais familiares para depois trabalhar os mais abstratos ou distântes, e assim provocar maior identificação dos educandos com tema estudado. Um exemplo dessa inversão de ordem, no caso específico do Ensino de Física, é apresentado no material didático GREF. Outro cuidado que pode ser tomado é o de adotar medidas que incentivem uma cultura de questionamento e problematização.
  • Transformação das aulas de Cultura e Cidadania em Círculos de Cultura - Se é difícil adotar plenamente uma proposta freiriana nas aulas das disciplinas preparatórias para o vestibular, as aulas de Cultura e Cidadania parece ser o momento ideal para isso. Foi proposto que essas aulas passem a se organizar como verdadeiros Círculos de Cultura, tratando assuntos que tenham sido levantados a junto aos próprios educandos e partindo da problematização de codificações. Foi ainda proposto que se construísse um sistema de rotatividade, em que cada encontro da "disciplina" seria organizado por uma dupla de professorxs.
  • Necessidade de ampliar o diálogo extra-curricular com os educandos - Essa  proposta se dirige especialmente à necessidade de conversarmos mais com os educandos sobre a função política de um pré-vestibular popular (PVP). @s educand@s do Zumbi geralmente nos procuram interessad@s principalmente em uma forma de ingresso na universidade, e muitas vezes não fica claro pra elxs que além desse temos também outros interesses. Os professorxs do Zumbi estão lá por entender que um PVP é um espaço de atuação política. Queremos sim colocar pessoas na universidade, mas queremos colocar pessoas diferentes, que levem consigo uma visão crítica sobre a sociedade e perspectivas de mudança. É isso que justifica, por exemplo, dedicarmos parte de nosso tempo a encontros de Cultura e Cidadania. Conversar mais sobre isso com os alunos é uma questão de transparência.
  • Indicativos para aula inaugural - Surgiram também alguns indicativos para um planejamento que teremos que fazer logo no início do ano, o planejamento da aula inaugural. Foi proposto que fosse trabalhado um panorama da história da educação como forma de dar sentido à proposta do Zumbi. Foi ainda sugerido aproveitarmos os próprios exemplos pessoais de alguns que hoje trabalham no Zumbi, que conseguiram com muito esforço e estudando no próprio cursinho chegar na universidade, como elemento motivador para os próprios alunos.
  • Possibilidade de criar um programa na Rádio Quilombo da Restinga - Foi sugerida por um colega educador popular da Restinga a possibilidade de criarmos um programa do Zumbi na Rádio Quilombo. A proposta foi muito bem aceita e o contato deve ser retomado esse início de ano para acertar detalhes.

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